segunda-feira, 27 de setembro de 2010


Querida  LURDES

A ti, que me ensinaste a ler alegria nas entrelinhas da dor,
dedico todas as horas deste meu (teu dia)

Penso tantas vezes em ti!
Hoje ainda mais, porque  farias quarenta e seis anos
e eu não sei onde procurar-te para te dar um abraço de parabéns.
Isso mareja-me os olhos de aflição e de saudades!
É verdade, ainda não aprendi muito bem a viver sem ti.
Mas isso não interessa porque sei que virás ter comigo
e com quem quiser "estar" contigo,
como sempre fizeste.
Quando caminhava apressada nos corredores
para não te deixar sozinha durante os inúmeros tratamentos,
irrompia pela sala e tu sorrias ao ver-me, 
e apontavas a cadeira para eu me sentar.
E era então, no meio da tua dor disfarçada,
que me perguntavas genuinamente interessada, por toda a gente,
eras minuciosa e não te esquecias de nada nem de ninguém.
E sorrias e envolvias-nos, e assim te prendias à vida,
enquanto te iam procurando outra veia, para poderes continuar.
E assim, querida Lurdes, nunca me deixaste vacilar ao teu lado,
durante doze longos anos, ao longo dos quais foste fintando a tristeza e a dor
E assim, querida Lurdes,
sentada ao teu lado,
num total incontável de horas
construimos uma sólida amizade
e uma boa parte da minha robustez psicológica 
e da minha alegria de  viver... 

UM ETERNO OBRIGADA!


Muitos parabéns, por tudo o que foste e por tudo
o que nos ensinaste

quarta-feira, 22 de setembro de 2010


É porque elas
CANTAM
que eu me detenho
em silêncio
volto atrás
conto até dez
um, dois, três...
respiro fundo
fecho os olhos
rodopio
perco idade
ganho brilho

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Vou brincar com o tempo

E trocar-lhe as voltas...

quinta-feira, 16 de setembro de 2010



Ficávamos no quarto,

onde por vezes

o mar vinha irromper.

É sem dúvida

em dias de maior paixão

que pelo coração

se chega à pele.

Não há então entre eles

nenhum desnível




Luis Miguel Nava

terça-feira, 14 de setembro de 2010


É azul a saudade
que me corre
como um rio
Uma neblina de ouro e âmbar
marca a distância poente
a que ficas
num fim de tarde
vermelho
de estio

E de repente uma asa,
um traço branco
risca o céu

voa uma gaivota
a procurar-te
...como eu.




Ruy Belo








(L.Reis, lembrei-me de ti

por causa do Azul :) )

Olha...


Olha
levanta a cabeça devagarinho
e olha para mim

podes abrir os olhos

que te têm cerrado

as janelas do peito

e deixa entrar de novo

a luz que vem lá de fora

Olha para mim

olha com vagar

e deixa os teus olhos

habituarem-se de novo

à luz que guardei para ti

domingo, 5 de setembro de 2010

Luz Nos Teus Olhos


É esta luminosidade
que trazes sempre
no teu olhar
que me encadeia
aquece
me faz vacilar

Queria...


Queria amordaçar a mágoa da ausência

rasgar com os dentes a dor que não se vê

desbravar silêncios

desfazer nós que apertam por dentro

queria desentupir poros

desenlear veias

deixar o corpo respirar sem esforço

deixá-lo escorregar sem pressas

devagar, ondulando

deixá-lo deslizar, devagar

sentar-me no vão das escadas

e apertar com ambas as mãos

a cabeça até me enrolar

e adormecer e descansar e descansar...

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

A maior Saudade de todas...


Falando eu, pensando eu, sentindo eu

SAUDADES

Vi ontem, pela primeira vez

esta fotografia da minha mãe

de quem eu sinto saudades todos os dias

desde há já muito tempo

desde há muitos anos...

tenho saudades do cheiro

do riso e das gargalhadas

do enorme colo para nos sentar

a mim, aos meus irmãos

aos amigos dos filhos

aos tios e tias velhos

Que saudades mãe!

E que bonita que está

E que bonita que foi sempre

por dentro, por fora

e para todos nós!

Que saudades que eu tenho

de estarmos, mãe!