segunda-feira, 6 de junho de 2016

Assim sou eu...





O tempo sucede-se em catadupas de dias que correm uns atrás dos outros sem me deixar espaço nenhum para te poder procurar naquele infinito de nuvem balanceante, sem ruídos, sem mágoas e sem horas para deitar contas à vida.
Espero ganhar coragem para contrariar essa quase inevitabilidade de me deixar levar para longe de ti e para fugir às rotinas que falsamente camuflam medos e fragilidades que sem me dar conta procuro esconder dentro da mochila, juntamente com as revistas e os livros que levo todos os dias para ler no café, durante o pequeno-almoço.
Penso que não hei-de desistir, mas sinto o peso da efemeridade dos momentos de plena robustez em que no meu horizonte já nos resgatei e me escondo contigo num desejo interminável de permanecermos para a eternidade.
E é em redor do sentimento de nós que extrapolo sobre o sentido do meu caminho, das minhas fragilidades e medos mais persistentes e daquela robustez que quando surge me parece inabalável!
Penso ainda outra vez que não hei-de desistir porque sinto entranhado na pele o desejo de continuar e de resistir àquilo que estranhamente me assusta mas que desconheço os meandros, o rumo e o sentido.
Às vezes não sei onde procurar-te e conectar-te com a realidade que eu própria procuro cegamente e que tantas vezes de real quase nada tem...
Mas nunca me deixo perder irremediavelmente porque os teus olhos acabam por se prender e confundir intemporalmente com os meus e por destronar arrepios escuros, noites de inquietação e a terrível angústia de a nada pertencer. 

Rute T.

4 comentários :

Remus disse...

A Rute T., com uma foto de alguém a fazer um T. Só espero que esse alguém esteja a atirar-se para uma piscina e não para uma superfície mais dura... :-D

Das palavras já nem sei o que dizer.
São palavras que inconfundivelmente só podem ter uma origem... uma autora: A Rute.

Rute disse...

Remus

Eu não devia revelar-te os meus segredos...mas, "prontos", desta vez revelo. Trata-se de uma estátua no centro de uma rotunda. Eu ia com o meu irmão Miguel no Jeep quando me deparo com aquela visão e me fascinou logo. Infelizmente foi tudo muito rápido e as fotografias não saíram bem... mas ainda assim, eu gosto delas! Tenho mais, mas não tenho nenhuma em condições.
Já as palavras...saem-me directamente do coração, como tu sabes.

1 beijinho

Questiuncas disse...

Para quando o Prémio Nobel da Literatura?
Já para não falar da fotografia que está um espectáculo.

Manu disse...

Palavras, sempre as palavras que calam fundo, que tanto dizem de ti, dos teus sentimentos emoções e medos.
Como sempre um texto arrebatador com uma foto que parece voar.

Beijinhos Rute